País
05 setembro 2019 às 16h58

Piloto morto na queda de helicóptero era da Força Aérea e comandante dos bombeiros

Helicóptero da Afocelca, de combate a incêndios caiu em Sobrado, Valongo, e o seu piloto morreu. Terá embatido em linhas de alta tensão, o que está a ser investigado pelas autoridades.

Céu Neves e Manuel Carlos Freire

O piloto que morreu esta quinta-feira na queda de um helicóptero de combate aos fogos em Sobredo, Valongo, pertencia à esquadra dos helicópteros militares EH-101, confirmou a Força Aérea ao DN.

Fazia parte Esquadra 751, cujos camaradas escreveram no Facebook: "É com profundo pesar que informamos que o capitão piloto-aviador Noel Ferreira, militar da Esquadra 751, faleceu vítima de um acidente com um helicóptero de combate a incêndios".

Terá embatido em linhas de alta tensão, o que está a ser investigado tanto pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), como pelo gabinete de investigação das Redes Energéticas Nacionais (REN).

O militar, Noel Ferreira, estava de férias e "devidamente autorizado" a operar aparelhos civis, adiantou fonte oficial do ramo, lembrando que o oficial - piloto-aviador com o posto de capitão e com 35 anos - pertencia também aos Bombeiros Voluntários de Cête (Paredes), era o comandante da corporação.

O helicóptero caiu esta quinta-feira em Sobrado, concelho de Valongo, durante o combate a um incêndio. O acidente provocou a morte do piloto, que seria o único ocupante da aeronave, que pertence à Afocelca, confirmou fonte da empresa ao DN.

Bruno Fonseca, comandante dos Bombeiros Voluntários de Valongo, informou que Noel Ferreira pilotava um celca 2 e que, habitualmente, integra outros operacionais. O piloto deixou a equipa no terreno para acompanhar o combate das chamas com a água, descolou e caiu minutos depois.

O helicóptero foi cercado pelas chamas quando caiu. Bruno Fonseca disse conhecer bem Noel Ferreira, com quem fez a recruta para a Força Aérea, em 1998. "Um comandante com muita experiência e muito humilde", destacou.

O incêndio está em fase de rescaldo, mobilizou 96 operacionais e 23 viaturas,

A Afocelca é um agrupamento de bombeiros privado, pertence ao grupo The Navigator (produção de papel) Company grupo ALTRI (pasta de eucalipto e gestão da floresta), que "tem por missão apoiar o combate aos incêndios florestais nas propriedades das empresas agrupadas, em estreita coordenação e colaboração com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC)".

É constituído por 120 operacionais, além de 18 oficiais de ligação, e participa também no combate a incêndios fora das suas propriedades, o que constitui, aliás, 85 % da sua atividade, segundo fonte da empresa. Entre os meios disponíveis nas ações de combate, têm três celcas, helicópteros ligeiros para combate com água.

O alerta para o incêndio foi dado pelas 16:05. Segundo a Proteção Civil estavam 47 operacionais, apoiados por 10 viaturas e dois meios aéreos.

Uma ​​​​​​​equipa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários está a caminho de Valongo, adiantou à Lusa , Nelson Oliveira, diretor da estrutura.

Explicou que "nem sempre há uma deslocação" ao local pelo Gabinete, mas "atendendo às circunstâncias" do acidente em Valongo, nomeadamente a "aeronave danificada" e a morte do piloto, justifica-se a mobilização de uma equipa.

Pilotar era um sonho de criança

Noel Ferreira alistou-se na Academia da Força Aérea com 17 anos, acabando por se especializar em busca e salvamento, tendo comandado centenas de operações. escreve o JN num perfil que fez do piloto quando este assumiu o comando dos Bombeiros Voluntários de Cête, em julho.

"Desde que me lembro que o meu objetivo de vida, e era o que diziam as composições da escola, era ser piloto, apesar de não ter nenhum militar ou piloto civil na família. Pode ter sido de ver o "Top Gun"", disse, então, ao jornal.

Além de gostar de aviões, foi escuteiro e era um desportista, tendo praticado karaté, voleibol, ginástica acrobática, BTT e canoagem.

Entrou para os Bombeiros com a mesma idade com que se inscreveu na Força Aérea, 17 anos. Foi socorrista e bombeiro entre 2001 e 2005, tendo regressado mais recentemente..