É o mais recente caso de desaparecimento de material militar e outra vez na Marinha, com a descoberta de que faltam 14 agulhetas de incêndio a bordo do navio reabastecedor Bérrio, soube o DN.
A informação foi confirmada nesta quarta-feira ao DN pelo porta-voz da Marinha, comandante Pereira da Fonseca, depois de questionado sobre um caso que ocorre poucas semanas após a perda de uma caixa de munições na via pública e de uma farmacêutica ter sido suspensa.
O oficial adiantou estar em curso uma averiguação interna para saber o que se passou.
Além das agulhetas que estão ligadas às mangueiras para combater incêndios, outras estão guardadas em armários como material de reserva do Bérrio - e só nas próximas horas, depois de o navio atracar, é que se poderá saber se o oficial averiguante a bordo conseguiu saber alguma coisa.
Os militares da guarnição do Bérrio ficaram retidos na segunda-feira, tendo o comandante do navio invocado ordens do comandante naval, vice-almirante Gouveia e Melo, para adotar aquele procedimento, de acordo com fontes militares ouvidas pelo DN sob anonimato por não estarem autorizadas a falar.
O comandante Pereira da Fonseca confirmou que a PJ Militar (PJM) foi chamada de imediato para investigar o caso e recolher eventuais provas, o que justificou a retenção dos marinheiros a bordo.
Contudo, verificou-se a impossibilidade de o piquete da PJM ir ao local antes de o navio ser obrigado a zarpar na terça-feira para sair do Alfeite antes de a maré mudar.
O navio concluiu nesta quarta-feira o exercício, tendo fundeado à espera que a maré permita a sua entrada na base naval de Lisboa (Alfeite) quinta-feira.
Pereira da Fonseca garantiu que os marinheiros serão autorizados a desembarcar e gozar as respetivas licenças após a atracagem do navio.
Segundo o regulamento interno das forças e unidades navais, "não pode ser cancelada qualquer saída diária sem a devida autorização do comandante".
Por outro lado, estão autorizados a sair os militares da guarnição que "não se encontrem disciplinarmente impedidos, não estejam nomeados para serviço de escala [ou] não estejam impedidos por outras razões de serviço".
Este novo desaparecimento de material militar em instalações das Forças Armadas surge ano e meio após o furto de armas em Tancos, cuja comissão parlamentar de inquérito ao caso inicia esta quinta-feira os seus trabalhos.
No plano judicial, o processo continua sob investigação e envolve agora um segundo inquérito à operação forjada de recuperação do material por parte da PJM, em outubro passado.
No plano político, o caso levou à demissão do ministro da Defesa Azeredo Lopes e, após a posse de João Gomes Cravinho como sucessor, a do general Rovisco Duarte como chefe do Estado-Maior do Exército.